terça-feira, 18 de outubro de 2011

Faça uma lista de grandes amigos

Quem você mais via há dez anos atrás

Quantos você ainda vê todo dia

Quantos você já não encontra mais...
Faça uma lista dos sonhos que tinha

Quantos você desistiu de sonhar!

Quantos amores jurados pra sempre

Quantos você conseguiu preservar...
Onde você ainda se reconhece

Na foto passada ou no espelho de agora?

Hoje é do jeito que achou que seria

Quantos amigos você jogou fora?
Quantos mistérios que você sondava

Quantos você conseguiu entender?

Quantos segredos que você guardava

Hoje são bobos ninguém quer saber?
Quantas mentiras você condenava?

Quantas você teve que cometer?

Quantos defeitos sanados com o tempo

Eram o melhor que havia em você?
Quantas canções que você não cantava

Hoje assobia pra sobreviver?

Quantas pessoas que você amava

Hoje acredita que amam você?


A Lista - Oswaldo Montenegro

domingo, 2 de outubro de 2011

A maior faculdade que a nossa mente possui é, talvez, a capacidade de lidar com a dor. O pensamento clássico nos ensina sobre as quatro portas da mente, e cada um cruza de acordo com a sua necessidade.Primeiro, existe a porta do sono. O sono nos oferece uma retirada do mundo e de todo o sofrimento que há dele. Marca a passagem do tempo, dando-nos um distanciamento das coisas que nos magoara. Quando uma pessoa é ferida, é comum ficar inconsciente. Do mesmo modo, quem ouve uma noticia dramática comumente tem uma vertigem ou desfalece. É a maneira de a mente se proteger da dor, cruzando a primeira porta.Segundo, existe a porta do esquecimento. Algumas feridas são profundas demais para cicatrizar, ou profundas demais para cicatrizar depressa. Além disso, muitas lembranças são simplesmente dolorosas e não há cura alguma a realizar. O provérbio o tempo cura todas as feridas é falso. O tempo cura a maioria das feridas. As demais ficam escondidas atrás dessa porta.Terceiro, existe a porta da loucura. Há momentos em que a mente recebe um golpe tão violento que se esconde atrás da insanidade. Ainda que isso não pareça benéfico, é. Há ocasiões em que a realidade não é nada além do penar, e, para fugir desse penar, a mente precisa deixá-la para trás. Por ultimo, existe a porta da morte. O último recurso. Nada pode ferir-nos depois de morremos, ou assim nos disseram.(Retirado do livro: O nome do vento. Patrick Rothfuss)