terça-feira, 12 de abril de 2011

"A natureza humana, conforme as constatações de Maquiavel, é imutável, isto é, os seres humanos foram essencialmente os mesmos em todas as épocas e sociedades, e certamente permanecerão como tais nos tempos futuros. E os homens são, por natureza, egoístas, caprichosos, dissimulados, ambiciosos, volúveis, ingratos e interesseiros. Nota-se uma lista de qualidades que, de um ponto de vista moral, são todas negativas, não sendo difícil perceber que os homens não são seres naturalmente confiáveis e dispostos à colaboração sincera uns com os outros. Sendo assim, sob esse ponto de vista é razoável suspeitar que as relações entre os seres humanos sempre escondem, sob a aparência de associação solidária, os interesses individuais ou, em linguagem direta, as amizades existem apenas pelos interesses egoístas das partes envolvidas." (O temor dos súditos como fundamento do poder estatal, Filosofia ENSINO MÉDIO, Ed. Ético)

Porque não pude parar p'ra Morte

Porque não pude parar p'ra Morte, ela
Parou p'ra mim, de bondade.
No coche só cabíamos nós duas
E a Imortalidade.

Viagem lenta - Ela não tinha pressa,
E eu já pusera de lado
O meu trabalho e todo o meu lazer,
P'ra seu exclusivo agrado.

Passamos a escola - no ring crianças
Brincavam de lutador -
Passamos os campos do grão pasmado -
Passamos o sol-pôr -

Melhor dizer, ele passou por nós.
E o sereno baixou gélido -
Era de gaze fina a minha túnica -
E minha capa, só tule.

Paramos numa casa; parecia
Um intumescido torrão:
O telhado da casa mal se via,
A cornija rente ao chão.

Desde então faz séculos - mas parecem
Menos que o dia, em verdade,
Em que vi, pelas frontes dos cavalos,
Que iam rumo à eternidade.

Emily Dickinson

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Sorrisos são fáceis de se conseguir. São externos. Difícil mesmo é mudar o que está dentro.

Cinzas do Ontem.

As árvores estão secas. A vida já se foi. O que sobra é apenas um corpo, já moribundo, ébrio pelas tristezas. Um copo de vinho, um cigarro apagado. Dor evidente, sofrimento que já estou acostumada. A cada dia que passa, a vontade é maior. Quero fujir, me libertar. Essa depressão não me deixa enxergar. Nos outros mundos tudo parece feliz, real, e porque eu não consigo a eles me juntar? Tudo dói, corrói. A vida mata. A cada dia mais perto, do descanso eterno. Aqui neste cemitério a criança perdida se sente encontrada. Não há vida eterna, então por que o sofrimento deveria ser?