domingo, 2 de outubro de 2011
A maior faculdade que a nossa mente possui é, talvez, a capacidade de lidar com a dor. O pensamento clássico nos ensina sobre as quatro portas da mente, e cada um cruza de acordo com a sua necessidade.Primeiro, existe a porta do sono. O sono nos oferece uma retirada do mundo e de todo o sofrimento que há dele. Marca a passagem do tempo, dando-nos um distanciamento das coisas que nos magoara. Quando uma pessoa é ferida, é comum ficar inconsciente. Do mesmo modo, quem ouve uma noticia dramática comumente tem uma vertigem ou desfalece. É a maneira de a mente se proteger da dor, cruzando a primeira porta.Segundo, existe a porta do esquecimento. Algumas feridas são profundas demais para cicatrizar, ou profundas demais para cicatrizar depressa. Além disso, muitas lembranças são simplesmente dolorosas e não há cura alguma a realizar. O provérbio o tempo cura todas as feridas é falso. O tempo cura a maioria das feridas. As demais ficam escondidas atrás dessa porta.Terceiro, existe a porta da loucura. Há momentos em que a mente recebe um golpe tão violento que se esconde atrás da insanidade. Ainda que isso não pareça benéfico, é. Há ocasiões em que a realidade não é nada além do penar, e, para fugir desse penar, a mente precisa deixá-la para trás. Por ultimo, existe a porta da morte. O último recurso. Nada pode ferir-nos depois de morremos, ou assim nos disseram.(Retirado do livro: O nome do vento. Patrick Rothfuss)
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